Carequinha - Yê yê yê baiano (Single Copacabana)

Carequinha atravessou várias gerações de crianças e foi tema de documentário em 1976

Depois das postagens da "Perereca da vizinha", com Dercy Gonçalves, e do "Calhambeque", com Topo Gigio, nada como complementar a "trilogia" infantil com o palhaço Carequinha, que gravou este compacto com repertório da Jovem Guarda: "A praça", sucesso de Ronnie Von, e a curiosa "Yê yê yê baiano”. O single, lançado pela Copacabana, não informa a data do lançamento, mas tudo indica que seja de 1967, ano em que a marcha do Carlos Imperial chegou ao topo das paradas de sucesso na voz do "Pequeno príncipe". Segundo o Wikipedia, o artista gravou 26 discos, dos quais constam registros que o colocam entre os pioneiros do rock, como o "Rock do ratinho" e "Twist da gatinha". Também regravou "Mãe-Iê", sucesso de Osvaldo Nunes, em 1969. Carequinha atravessou várias gerações como ídolo infantil. O palhaço é considerado por muitos como um patrimônio da cultura brasileira. Suas músicas estão na memória coletiva do povo, principalmente "O bom menino" (aquele que "não faz xixi na cama"), gravada com participação do flautista Altamiro Carrilho.

George Savalla Gomes, seu nome de batismo, nasceu em 1915 numa família circense, na cidade de Rio Bonito, interior do estado do Rio de Janeiro. Seus pais eram os trapezistas Elisa Savalla e Lázaro Gomes. Ele nasceu literalmente no circo, pois sua mãe estava no trapézio quando entrou em trabalho de parto. Deu início à sua carreira como palhaço Carequinha aos cinco anos, no circo de sua família, quando este estava em apresentação em Carangola, cidade do interior do estado de Minas Gerais. Aos doze era palhaço oficial do Circo Ocidental, pertencente ao seu padrasto.

Em 1938, estreou como cantor na Rádio Mayrink Veiga no Rio de Janeiro, no programa Picolino. Já na televisão brasileira teve como marco o fato de ter sido o primeiro palhaço a ter um programa, o "Circo Bombril" (posteriormente rebatizado "Circo do Carequinha"), programa que comandou por 16 anos na TV Tupi nas décadas de 1950 e 1960. Carequinha também apresentou o seu circo na TV Gaúcha, que foi o embrião da Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS) e finalmente, na TV Difusora (pioneira na transmissão ao vivo de um evento nacional em cores: A Festa da Uva, 1972) anunciando os desenhos animados da garotada, além de apresentar nas tardes de sábado o programa americano "O Circo". Em 1976 o cineasta Roberto Machado Junior fez um documentário sobre Carequinha que teve o próprio palhaço como autor do roteiro.

Apresentou-se para vários presidentes, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart, passando pelos generais do regime militar e recebendo condecoração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nos anos 1980, apresentou um programa infantil chamado Circo Alegre, na extinta TV Manchete, época em que a empresária Marlene Mattos era a sua assessora. Após dois anos e meio de "Circo Alegre", com a saída de Carequinha, as características fundamentais do seu programa foram incorporados pelo de Xuxa, o "Clube da Criança". "Eu inventei essas brincadeiras com crianças, tão comuns hoje nos programas infantis. Eu as pegava para dar cambalhota, rodar bambolê, calçar sapatos, vestir paletó primeiro, brincadeiras com maçã e furar bolas", conta o palhaço, na foto acima assinada por Orlando Brito. Na Globo, participou do programa Escolinha do Professor Raimundo e da novela As Três Marias. Seu último trabalho na televisão foi na Rede Globo, com uma participação na minissérie "Hoje é dia de Maria" em 2005.

Aos noventa anos, o artista morreu em sua casa em São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro. Durante a madrugada, ele queixou-se de falta de ar e dores no peito, e morreu antes de receber atendimento médico. Foi enterrado no dia seguinte, no cemitério de São Miguel, na mesma cidade. Seu terno colorido, com o qual sempre se apresentava em seus espetáculos, foi também posto no caixão e assim enterrado juntamente com o corpo do artista que tanta alegria trouxe pra garotada com músicas como as deste compacto. Confira.

01 - A praça
..... (Carlos Imperial)
02 - Yê yê yê baiano
..... (Paulo Tito)