terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Luis Eugênio - Comunicação jovem (LP 1972)

Álbum traz a versão de "Speak sofly love", tema do clássico "O poderoso chefão", de 1972

Sabe aquele disco que a gente compra pela curiosidade de ouvir a versão de uma música que gostamos? Este álbum do Luis Eugênio, cantor e compositor que não conhecia, é um exemplo. Eu o comprei por constar "There's no more on the brasos", um grande sucesso no Brasil da banda holandesa The Walkers, formada em 1964, no repertório. Também fui motivado a adquiri-lo devido a versão de "Summer Holiday", hit do saudoso brasileiro Terry Winter, nome artístico do então Tommy Standen, cantor e compositor que iniciou a carreira na época da Jovem Guarda. O álbum também contempla o ouvinte com a versão de "Speak sofly love", tema do clássico filme "The Godfather" (O Poderoso Chefão), dirigido por Francis Ford Coppola, que fez sucesso no Brasil como "Fale baixinho", na interpretação de Wanderley Cardoso.

A julgar pela foto na capa, imaginei que se tratava de um cantor com voz ainda juvenil, tipo Ed Carlos no início da carreira, mas Luis Eugênio se revela intérprete de canto firme e seguro, apesar do repertório. Mesmo assim, o disco traz composições de autores que gosto muito, como Ivan Lins e o também saudoso Abílio Manoel, famoso pelo hit "Pena verde". O próprio Luis Eugênio nos contempla com duas composições da própria lavra: "Minhas noites" e "Te quero ainda", e ainda traz o samba rock "O suburbano", de Carlos Odilon e Edson Melo, além da comercial "Sou um menino triste", uma versão de Nazareno de Brito - responsável pela seleção e coordenação de produção do álbum - para "Little boy blue", de Sidney Elliott, que encerra o disco.

Aproveitei e inclui, como bônus, as duas faixas de um compacto simples de 1974 (veja foto ao lado), lançado pela Copacabana Discos, que se destaca pelo charleston "Não dou colher", composta pelo cantor. Fiz uma pesquisa na internet em busca de informações sobre o artista. Infelizmente, pouca coisa se encontra na rede, mas constatei que ele gravou outros dois álbuns. Provavelmente deve ter outros títulos em sua discografia. Pelo que pude apurar, Luis Eugênio era gaúcho e faleceu em 1989, ainda jovem, provavelmente vitima de algum acidente. Se você tiver mais informações, por favor, escreva nos comentários. Agradeço desde já, e se você é curioso como eu, que gosta de conhecer e ouvir um pouco de tudo, sem preconceito, confira o trabalho deste artista:

01 - Fale amorosamente (Speak sofly love)
..... (Nino Rota - Larry Kusik- vs: Nazareno de Brito)
02 - Deixa que eu vá (There's no more corn on the brasos)
..... (Innemee - Hoes - vs: Nazareno de Brito)
03 - O suburbano
..... (Carlos Odilon - Edson Melo)
04 - Palco iluminado
..... (Ivan Reis - Carlos Imperial)
05 - Um carro enferrujado
..... (Ivan Lins - Ronaldo Monteiro de Souza)
06 - Minhas noites
..... (Luis Eugênio)
07 - Férias de verão (Summer holiday)
..... (Tony Temple - Dell Clyde - vs: Domingos Paulo)
08 - Ruas do Rio
..... (Abilio Manoel)
09 - Amanhã (Tomorrow)
..... (Bobby Martin- Henry Jerome - vs: Nazareno de Brito)
10 - Te quero ainda
..... (Luis Eugênio)
11- Estrada de algodão
..... (Reynaldo Rayol - Ricardo Caníora)
12 - Sou um menino triste (Little boy blue)
..... (Sidney Elliott - vs: Nazareno de Brito)

FICHA TÉCNICA:

Produtor fonográfico: SOM - Indústria e Comércio
Seleção e coordenação de produção: Nazareno de Brito
Supervisão musical: Leo Peracchi
Técnico de gravação: Renaldo Mazziero
Mixagem: Milton Rodrigues
Corte de matriz: Rogério Décio Gauss
Foto: Mafra
Layout: Ciro Ney
Gravação: Estúdios Reunidos Ltda - SP

BÔNUS - Compacto simples Copacabana - 1974

01 - Sou feliz
..... (Osvaldo Bettio - Juliano Rivas)
02 - Não dou colher
..... (Luis Eugênio)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Vários artistas - O mundo colorido da RCA (1970)

Álbum com intérpretes nacionais e internacionais se destaca pelo vinil multicolorido

Eis um LP interessante. Não necessariamente pelo repertório, que reúne artistas nacionais e internacionais da RCA, mas especialmente pelo vinil, tão colorido quanto o arco-iris, como sugere o título do álbum. Grandes sucessos de 1970 estão no álbum, como as gravações de Nilton César, Carmem Silva, Antonio Marcos, Vanusa e Wilson Miranda. Merece destaque o primeiro registro de Martinho da Vila para "Glórias gaúchas", que o sambista voltaria a gravar em 1975, assim como "A charanga", com Dom e Ravel. A dupla interpretou essa música ao lado da Wanderléa e Marinês e sua Gente no V Festival Internacional da Canção, do qual foi uma das finalistas. Apesar de não ter sido classificada, a gravação feita pela Wanderléa foi uma das mais executadas entre as participantes do festival, que também destacou "BR-3", com Tony Tornado, e "Eu também quero mocotó", com o maestro Erlon Chaves. Confira:

01 - Nilton Cesar - Espera um pouco... um pouquinho mais (La nave del olvido)
..... (Dino Ramos - vs: Osmar Navarro)
02 - Vanusa - Comunicação
..... (Edinho - Hélio Matheus)
03 - Domenico Modugno - La Lontananza
..... (Modugno - Bonaccorti)
04 - Nelson Gonçalves - Insensatez
..... (Antonio Carlos Jobim - Vinicius de Moraes)
05 - Nilsson - Down to the valley
..... (Nilsson)
06 - Emissão M - Os vestidos de Joana
..... (José Márcio)
07 - Antonio Marcos - Eu sigo só
..... (Fábio - Paulo Imperial)
08 - Carmem Silva - Adeus solidão (Picking up pebbles)
..... (Curtis - vs: Newton Miranda)
09 - Wilson Miranda - Chove
..... (Antonio Marcos - Mário Marcos)
10 - Jean La Fontaine - Yellow river
..... (Christie)
11 - Martinho da Vila - Glórias gaúchas
..... (Martinho da Vila)
12 - Dom e Ravel - A charanga
..... (Dom - Wanderléa)

domingo, 29 de janeiro de 2012

Antonio Borba - Na noite que se vai (Single 1967)

Antonio Borba possui uma das mais belas vozes do disco, conforme a RCA Victor em 1967

A presente postagem atende ao pedido do nosso vistante Antonio Arlei, que solicitou canções gravadas pelo cantor Antonio Borba. Infelizmente este é o único disco que possuo, no momento, com este intérprete de voz bonita e possante, como os amigos poderão constatar. Este compacto, lançado em 1967, é o segundo da sua discografia, e traz o sucesso "Na noite que se vai", uma versão de Hamilton Di Giorgio para "L'Amore se ne va", de Morina, D'Ercole, Melfa e Atmo, além de "Una moglie americana", de Nico Fidenco e Nino Oliviero. Posso estar enganado, mas creio que, com este disco, Antonio Borba ganhou o troféu Chico Viola, um dos mais cobiçados nos anos 1960.

O cantor nasceu na cidade mineira de Varginha, onde iniciou carreira artística na década de 50, apresentando-se na Rádio Clube de Vargínha. Foi numa dessas apresentações que o jovem foi descoberto pela dupla Cascatinha e Inhana, famosa na época, que o levou para a capital paulista. A primeira chance foi no "Programa César de Alencar", na Rádio Record, e acabou contratado por Walter Silva, o famoso "Pica-Pau", para o programa" Toca do Disco". Em seguida, Antônio Borba foi crooner da Orquestra de Simonetti e também de Sílvio Mazzuca. Estes eram os mais célebres maestros da época. Também foi crooner da Grande Orquestra de Georges Henry, da TV Tupi de São Paulo, e acabou cantando no show de apresentação do cantor norte-americano Johnny Mathis.

Sua estreia no disco foi em 1966, no ápice da Jovem Guarda, com as músicas "Sozinho" (Soli) e "Linda espanhola", pela RCA Victor, que também o incluiu no álbum "Carnaval Jovem", disco de 1967 que reúne os principais contratados da gravadora, como Os Incríveis, Vanusa, Waldirene, Nilton César, George Freedman e outros. Excursionou então com o também cantor Agostinho dos Santos, cantou ao lado de Juca Chaves, tocou com Hermeto Pascoal, e participou do " Encontro Show Samba no Chão", ao lado de Adoniran Barbosa e Demônios da Garoa. Também excursionou com a orquestra do maestro argentino Carlos Piper, e se apresentou nos principais programas de TV. Gravou discos na RCA Victor, Odeon, Som Livre, Paulinas e outras. Ainda na ativa, Antonio Borba gravou recentemente três músicas para a Festa do Peão Boiadeiro de Barretos e se prepara para um novo show com DVD e CD, intitulado " Viola e Café", conforme informa o blog do cantor deste single que considero muito bom. Confira:

01 - Na noite que se vai (L'Amore se ne va)
..... (Morina - D'Ercole - Melfa - Atmo - vs: Hamilton Di Giorgio)
02 - Una moglie americana
..... (Fidenco - Nino Oliviero)

sábado, 28 de janeiro de 2012

Trilha da novela Tempo de Viver - LP Philips 1972

Grandes intérpretes e compositores da MPB estão incluídos neste álbum lançado em 1972

Conforme informei na postagem anterior, este disco atende ao pedido do nosso visitante Élcio, que solicitou a música "Tango de Maurício", com Umas e Outras, incluída também no álbum "Máximo de Sucessos nº 5", que eu não tenho. Eu poderia enviar a ele o arquivo da canção solicitada por e-mail, mas achei que seria mais interessante postar na íntegra o LP da trilha da novela "Tempo de Viver", exibida pela hoje extinta TV Tupi, porque não a encontrei disponível para download em outros blogs. Eu, em particular, não me lembro dessa novela, protagonizada por Jece Valadão, Adriana Prieto e Reginaldo Farias, entre outros, conforme menciona a capa. O disco traz um repertório muito bom, com destaques para Gilberto Gil, Elis Regina, Gal Costa, MPB-4 e Claudette Soares. Confira:

01 - Tempo de viver (instrumental)
..... (Edu Lobo)
02 - Ivan Lins - Você, amiga
..... (Ivan Lins - Ronaldo Monteiro de Souza)
03 - Elis Regina - Vida de Bailarina
..... (Américo Seixas - Dorival Silva)
04 - Paulinho e Dorinha - É natural
..... (Antonio Adolfo - Paulinho Tapajós)
05 - Eklipse Soul - Psicose
..... (Toninho)
06 - Gal Costa - Pérola Negra
..... (Luiz Melodia)
07 - Umas e Outras - Tango de Maurício
..... (Marcos Valle - Paulo Sérgio Valle)
08 - Gilberto Gil - Expresso 2222
..... (Gilberto Gil)
09 - Roberto Menescal - A velha casa
..... (Roberto Menescal - Paulinho Tapajós)
10 - Lena - Revendo amigos (Volto pra curtir)
..... (Macalé - Waly)
11 - MPB4 - Badalação (Bahia, vol.2)
..... (Nonato Buzar - Tom & Dito)
12 - Claudette Soares - Um dia no circo
..... (Roberto Menescal - Paulinho Tapajós)
13 - Baden Powel - Pra valer
..... (Baden Powell - Paulo César Pinheiro)

Cláudio Cavalcanti - Single Philips - 1972

Cláudio Cavalcanti desenvolveu carreira de cantor na época em que era galã da Rede Globo

Hoje teremos duas postagens para atender ao pedido do nosso visitante Élcio, que solicitou originalmente o álbum "Máximo de sucessos nº 5" devido a três músicas: "Pano da costa" (com Tião Motorista), "Tango de Maurício" (Umas e Outras) e "Se eu morresse" (Cláudio Cavalcanti). Eu não tenho o LP, mas possuo duas das músicas solicitadas, incluídas em outros discos, daí a postagem extra.

A primeira é a canção interpretada pelo ator Cláudio Cavalcanti, lançada em compacto simples da Philips em 1972, época em que o artista era um dos galãs da Rede Globo e tinha lançado anteriormente um LP (veja capa ao lado), do qual se destacou a regravação de "Menina", de Paulinho Nogueira. Cláudio Murillo Cavalcanti nasceu no Rio de Janeiro em 24 de fevereiro de 1940. Além de ator, também é político, escritor, dublador e diretor de TV.

Segundo o Wikipedia, ele iniciou a carreira de ator em 1956, atuando ao lado de Nathália Timberg, Sérgio Britto e Fernanda Montenegro. Participou de várias telenovelas importantes nas décadas de 1970 e 1980, entre as quais Irmãos Coragem, O Homem que Deve Morrer, O Feijão e o Sonho, Pai Herói, Dona Xepa, Água Viva, Sétimo Sentido e Roque Santeiro. Muito conhecido por seus trabalhos como ator em cinema, teatro e televisão, nos últimos tempos Cláudio tem se dedicado ao ativismo político em favor dos animais. Exerceu o cargo de Secretário Municipal de janeiro de 2001 a fevereiro de 2005. É casado desde 1979 com Maria Lucia frota Cavalcanti, psicóloga e atriz, com quem dividiu o palco inúmeras vezes. O seu trabalho mais recente na TV, após 10 anos de afastamento devido as atividades políticas, foi na novela ‘Amor e Revolução’, do SBT, em personagem militante que é preso e torturado na época da ditadura militar. Confira, agora, sua performance como cantor:

01 - Não gosto mais de mim
..... (Sérgio Ricardo)
02 - Se eu morresse
..... (Roberto Menescal - Paulinho Tapajós)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Topo Gigio - O calhambeque (EP Philips 1969)

Topo Gigio se transformou em ícone da garotada na virada da década de 1960 para 1970

Quem viveu no final dos anos 1960 deve se lembrar do ratinho Topo Gigio, personagem de programa infantil criada na Itália em 1958 por Maria Perego, e que apareceu no Brasil pela primeira vez no programa Mister Show, na Rede Globo, em 1969. Ele dividia a telinha com o ator e humorista Agildo Ribeiro. Os dois, boneco e ator, viraram mania nacional. Uma infinidade de produtos, como revistas, chaveiros, bonecos e canecos, entre outros, foram lançados com a estampa do ratinho, que também despertou o interesse da indústria fonográfica. Topo Gigio adorava cantar e dançar, especialmente a música "Meu Limão Meu Limoeiro", incluída no compacto duplo "Topo Gigio nº 1", que trazia ainda um pout-pourri junino ("Cai, Cai Balão", "Capelinha De Melão" e "Sonho De Papel"), "A Tramontana (La Tramontana)" e "Chove Chuva", sucesso de Jorge Benjor. O EP vendeu mais do que sorvete em dia de calor e credenciou o ratinho a gravar este volume 2, sem o mesmo sucesso do disco anterior. A voz do personagem no Brasil era de Peppino Mazzullo, conforme informa o disco.

O compacto se destacou pelo hit "O Calhambeque", versão de Erasmo Carlos para "Road Hog", de Gwen e John D. Loudermilk, gravado por Roberto Carlos. A novidade, desta vez, é a participação do Agildo Ribeiro no "Diálogo de boa noite", sempre presente no script de encerramento do programa. Era o momento em que Agildo mandava Topo Gigio "pra caminha" e dava um beijinho de boa noite no ratinho. Na tela da TV, Agildo fazia o papel do adulto que educa uma criança e Topo Gigio era esse gurizinho adorável. Agildo perguntava "Já escovou os dentinhos" e Topo Gigio respondia com seu sotaque característico "djááá". Segundo o site Mofolândia, o programa causou um certo alvoroço quando alguns pisicólogos e educadores acusaram o personagem de só incentivar o lado bom das crianças, deixando de lado a agressividade e a maldade, necessárias para equilibrar a formação da personalidade infantil. A série deixaria a TV brasileira em 1971.

Em 1983, o personagem voltaria a TV, dessa vez na TV Bandeirantes, com o programa "Boa Noite, Amiguinhos", que passou despercebido. Em 1987, nova tentativa, agora com um novo partner para Topo Gigio, o ator Ricardo Petráglia. Novamente não houve a repercussão esperada e o personagem foi novamente retirado do ar. Em 2000, a Rede Globo tentou trazer o boneco de volta, dessa vez dentro do programa "Zorra Total", mas desistiu diante dos altos custos que a empresa italiana, detentora dos direitos do personagem, pediu para liberá-lo. Quem sabe, um dia, o teremos de volta na TV. Enquanto isso, o melhor é relembrar esses doces momentos da infância de muita gente. Confira:

01 - O calhambeque (Road hog)
..... (Gwen - John Loudermilk - vs: Erasmo Carlos)
02 - Nesta rua
..... (Adapt. e arranjos de Erlon Chaves - Pitti)
03 - Ó sole mio
..... (Di Capua - Capurro)
04 - Diálogo de boa noite
..... (Participação especial de Agildo Ribeiro)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Vários artistas - Máximo de sucessos nº 2 (1969)

Seleção inclui algumas canções classificadas no IV Festival da Música Popular Brasileira

Uma boa pedida para quem curte música brasileira de boa qualidade é este álbum "Máximo de sucessos nº 2", lançado em 1969 pela Philips. A seleção é de alto nível, representada por nomes que dispensam qualquer apresentação, como Elis Regina, Nara Leão, Edu Lobo, Jair Rodrigues, MPB-4, Claudette Soares e outros. O legal é que o disco traz pelo menos cinco músicas classificadas no IV Festival da Música Popular Brasileira, realizado em 1968 pela TV Record: "Benvinda", "Memórias de Marta Saré", "A família", "Atento, alerta" e "Andança", interpretada originalmente por Beth Carvalho e Golden Boys. Mesmo assim, a regravação feita por Joyce e Momento 4uatro não fica nada a dever a original. O mesmo acontece com a versão de Lúcio Alves para "Helena, Helena, Helena", conhecida na voz do saudoso Taiguara, que fez sucesso no festival universitário da canção. Confira:

01 - Elis Regina - Corrida de jangada
..... (Edu Lobo - Capinam)
02 - Joyce e Momento 4uatro - Andança
..... (Danilo Caymmi - Edmundo Souto - Paulinho Tapajós)
03 - Nara Leão e Edú Lobo - Rosa gente
..... (Danilo Caymmi - Nelson Motta)
04 - Ivany - Canto de fé
..... (Nonato Buzar - William Prado)
05 - Lúcio Alves - Helena, Helena, Helena
..... (Alberto Land)
06 - Márcia - Samba da pergunta
..... (Pingarilho - Marcos Vasconcelos)
07 - Jair Rodrigues - A família
..... (Ari Toledo - Chico Anísio)
08 - Edu Lobo e Marília Medalha - Memórias de Marta Saré
..... (Edu Lobo - G. Guarnieri)
09 - MPB-4 - Benvinda
..... (Chico Buarque)
10 - O Quarteto - Wave
..... (Tom jobim - Gilbert)
11- Claudette Soares - Amada canta
..... (Luiz Bomfá - Maria Helena Toledo)
12 - Marília Medalha e Egberto Gismonti - Atento, alerta
..... (Egberto Gismonti - Paulo Sérgio Valle)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Juca Chaves - Seu Fon-Fon (Single RCA 1967)

"Seu Fon-Fon" é uma sátira bem humorada do Juca Chaves ao coronel Américo Fontenelle

Hoje, 25 de janeiro, a cidade de São Paulo comemora 458 anos, e quem ganha o presente é você. Sim, eu sei que a frase parece extraída de mensagem publicitária, mas este compacto simples do Juca Chaves é, sem dúvida, o que exigiu mais tempo de procura até tê-lo finalmente em minhas mãos. É por isso que o considero um presente aos amigos visitantes. Pode parecer exagero, já que a música "Seu Fon-fon" foi muito executada - especialmente na cidade aniversariante - na época do lançamento em 1967, e o natural seria encontrar o single com relativa facilidade. Mas não foi assim. Eu o procurei por anos a fio, solicitando a amigos e blogueiros. Tudo vem vão. Cheguei a suspeitar que o disco teria sido recolhido das lojas e a matriz destruída pela ditadura militar.

Felizmente, estava enganado, pois no mês passado, numa tarde de sorte, encontrei o disco no local mais improvável. Estava empoeirado numa pilha de velhos compactos sem capa, jogada num canto do sebo, como se não tivesse o mínimo valor. É verdade que o single não está zerado e apresenta alguns riscos, mas eu o compraria de qualquer maneira, independente do estado em que se encontra. Cheguei em casa ansioso por ouvi-lo, pois minha última audição pelo rádio aconteceu no ano do lançamento, época em que comecei a trabalhar como office-boy. Dá pra imaginar como é a sensação de ouvir uma música tão desejada por mais de 40 anos?

Para os mais jovens, que não viveram os anos 1960, é bom explicar. O "Seu Fon-fon", no caso, é uma sátira ao coronel Américo Fontenelle (1921-1967), o homem grisalho da foto ao lado. Ele foi contratado pelo governador biônico Abreu Sodré para organizar o trânsito caótico e congestionado de São Paulo, após vitoriosa experiência no então estado da Guanabara. Lá, até por sua formação militar, era radical ao extremo, chegando a mandar esvaziarem os quatro pneus do carro de quem estacionasse em locais proibidos. Em São Paulo, criou `bolsões´ e `rotatórias´, proibindo também a carga e descarga em toda a cidade, a não ser de meia-noite às 6 da manhã. Fontenelle mandava rebocar até mesmo o carro de vereadores e deputados que atravancavam tudo.

Muita gente chiou. A então deputada Conceição Costa Neves erigiu-se em porta-voz da oposição ao coronel, discursando inflamada e demagogicamente contra ele na Assembléia Legislativa. A extinta TV Tupi (que fazia parte dos Diários e Emissoras Associados, de Assis Chateaubriand), armou um debate entre ambos, mediado por Aurélio Campos. Foi o primeiro debate televisivo no Brasil entre um homem e uma mulher. A deputada supôs que sairia bem na foto se mostrasse coragem de confrontá-lo, adotando uma postura extremamente agressiva. Para sua surpresa, o coronel se apresentou como um autêntico gentleman, recusando-se a acompanhá-la num duelo de agressões. Respondia às piores acusações e insultos com apenas quatro palavras: "Isso, na sua opinião". As rudimentares pesquisas de opinião da época lhe deram a vitória por goleada.

Menos sorte Fontenelle teve, entretanto, quando enfrentou a empresa Folha da Manhã, pertencente a Octávio Frias e Carlos Caldeira. Ocorre que outro negócio de Caldeira era a rodoviária de São Paulo, localizada bem no centro da cidade (av. Duque de Caxias) e foco dos maiores congestionamentos. O trabalho de Fontenelle não estaria completo se não extirpasse essa chaga. Percebendo que, se anunciasse antecipadamente a desativação da rodoviária, seria tolhido pela politicalha, Fontenelle a executou nos moldes de uma operação militar, pegando o inimigo desprevenido: da noite de domingo para a manhã de segunda-feira, fechou a rodoviária. Os ônibus foram remanejados para quatro pontos diferentes da cidade, conforme a rodovia que utilizavam. Se o infeliz passageiro estivesse em trânsito por São Paulo ficava perdido ao ter que se deslocar de um "terminal" a outro para continuar a viagem. Não havia nenhum tipo de integração entre eles. Tinha que ser tudo na base do "busão" ou do táxi porque não tínhamos metrô.

Foi vítima, como retaliação, de uma das mais repulsivas campanhas já desencadeadas por órgãos de imprensa contra um administrador público. Páginas e páginas eram utilizadas diariamente nos jornais do grupo para detonar o trabalho de Fontenelle e dar voz às suas vítimas, como os viajantes que perdiam o ônibus por desinformação. Foi nesse cenário que Juca Chaves, com seu humor ácido e inteligente, compôs "Seu Fon-fon", tornando-se o hit do momento. O governador Sodré, que não tinha a simpatia do grupo Folha, de repente acertou os ponteiros com Caldeira e Frias: demitiu Fontenelle, após 57 dias de trabalho, passou a receber rasgados elogios nos jornais da empresa e mandou reabrir a rodoviária.

Pouco tempo depois, ao dar uma entrevista no programa Roleta Paulista, da então TV Paulista (Organização Victor Costa), Fontenelle foi indagado a respeito de sua demissão. Em resposta, disse que iria falar tudo que até então silenciara sobre o comportamento desleal e indigno do governador. De repente, parou, como se tivesse perdido o fio da meada. Fitou a câmera, seu olhar ficou esgazeado; cambaleou e desabou no chão. O pessoal do estúdio correu para socorrê-lo, a câmera tremeu, a transmissão foi interrompida. Logo depois, um locutor informou que o coronel tivera uma ligeira indisposição, mas passava bem. Na verdade, estava agonizando. Morreu a caminho do pronto-socorro. Após o anúncio do falecimento, o disco do Juca Chaves nunca mais foi tocado. Morreu com o personagem, e caiu no esquecimento.

Relembre agora, no aniversário da cidade, que ainda enfrenta problemas no trânsito, um pouco da era Coronel Américo Fontenelle, hoje nome de rua em São Paulo e de rodoviária no Rio:

01 - Seu Fon-fon
..... (Juca Chaves)
02 - Cantiga d'amor (Prelúdio - Toccata - Fuga)
..... (Juca Chaves - Rui Affonso)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

V Festival da Música Popular Brasileira (EP 1969)

Compacto duplo se destaca pelas composições de Adoniran Barbosa e Martinho da Vila

Já que estamos em clima de Festival da Record, nada como postar mais este raro EP da RCA Victor com quatro músicas participantes do V Festival da Música Popular Brasileira em 1969. Sem o mesmo glamour das quatro edições anteriores, este foi o último realizado pela TV Record, e se caracterizou pela proibição do uso da guitarra elétrica no acompanhamento das músicas concorrentes. Paulinho da Viola, com sua belíssima "Sinal fechado", foi o grande vencedor do certame, seguido por "Clarisse", de Eneida e João Magalhães, interpretada por Agnaldo Rayol, e "Comunicação", de Edson Alencar e Hélio Matheus, defendida por Vanusa, na terceira colocação. Infelizmente, não sei quais foram os intérpretes originais no festival das quatro canções reunidas neste compacto duplo. Se alguém souber, por favor, me informe.

É interessante observar que entre elas estão "Despejo na favela", do nosso saudoso Adoniran Barbosa, na voz do Nerino Silva, e "Samba do paquera", de um novato cantor e compositor que começava a fazer sucesso, Martinho da Vila, interpretada pelo Brasil Ritmo 67 e As "3 Mais". O EP também traz "Não interessa", de Geraldo Babão, com Os Originais do Samba, e "Gostei de ver", de Eduardo Gudin e Marco Antonio da Silva Ramos, na interpretação da Elizabeth Viana. Se você se interessou pelo disco, aproveite e baixe também o outro compacto da RCA - com capa similar a esta - postado aqui. Antes, porém, confira este que também vale a pena ouvir:

01 - Originais do Samba - Não interessa
..... (Geraldo Babão)
02 - Elizabeth Viana - Gostei de ver
..... (Eduardo Gudin - Marco Antonio da Silva Ramos)
03 - Nerino Silva - Despejo na favela
..... (Adoniran Barbosa)
04 - Brasil Ritmo 67 e As "3 Mais" - Samba do paquera
..... (Martinho da Vila)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

As 12 mais do 3º Festival de MPB (LP CBS 1967)

Grandes nomes foram revelados na terceira edição do festival de MPB da TV Record

Noite de 21 de outubro de 1967. O Brasil, com certeza, parou neste dia para assistir a final da 3ª edição do Festival da Música Popular Brasileira, realizada pela TV Record, em São Paulo. Foi um dos melhores eventos do gênero realizado no País, pois por meio dele foram revelados e confirmados talentos que até hoje estão na ativa, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Edu Lobo, Toquinho e outros compositores de canções que se transfomaram em clássicos da MPB. Este festival também ganhou destaque pela famosa cena protagonizada pelo cantor e compositor Sérgio Ricardo, que diante das vaias ensurdecedoras da plateia durante sua apresentação de "Beto bom de bola", quebrou o violão no palco e o atirou no público (veja foto abaixo).

Esta terceira edição do certame é tão importante para a nossa música que virou tema em 2010 do documentário “Uma Noite em 67”, dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil. O filme traz depoimentos atuais de músicos, compositores e outras pessoas envolvidas com o evento, que consagrou "Ponteio", de Edu Lobo e Capinam, apresentada no palco pelo próprio compositor e pela cantora Marilia Medalha (por onde andará?), com a primeira colocação.

As principais gravadoras, atentas à demanda do público, lançaram discos com as músicas participantes do festival, mesmo sem contar no cast com os artistas que se apresentaram no evento. Um exemplo é o álbum, já postado aqui, lançado pelo selo Chantecler. A CBS (atual Sony), ancorada pela primeira participação do Roberto Carlos em um festival, também produziu um LP similar, "As 12 mais do 3º Festival da Música Popular Brasileira", com interpretações de Cynara e Cibele, Chico Feitosa, Ellen de Lima e Maria Isabel, além do rei com sua "Maria, carnaval e cinzas", de Luiz Carlos Paraná, a única gravação original do festival. Apesar da presença do rei, no ápice da popularidade, este álbum nunca lançado em CD passou despercebido do grande público, muito mais interessado em comprar e ouvir as canções com os intérpretes originais do evento. Hoje, passados quase 45 anos, a situação se inverte, pois se torna muito mais interessante ouvir as regravações com outros artistas porque as originais foram pra lá de executadas e são fáceis de encontrar em versões remasterizadas. O presente álbum é, portanto, um prato cheio pra quem tem a curiosidade de ouvir as canções do festival com intérpretes diferentes. Confira:

01 - Cynara e Cybele - Ponteio
..... (Edu Lobo - Capinam)
02 - Chico Feitosa - De como um homem perdeu seu cavalo e continuou andando
..... (Geraldo Vandré - Hilton Accioli)
03 - Roberto Carlos - Maria, carnaval e cinzas
..... (Luiz Carlos Paraná)
04 - Maria Isabel - Uma dúzia de rosas
..... (Carlos Imperial)
05 - Ellen de Lima - Diana pastora
..... (Fernando Lobo - João Mello)
06 - Cynara e Cybele - O cantador
..... (Dory Caymmi - Nelson Motta)
07 - Cynara e Cybele - Domingo no parque
..... (Gilberto Gil)
08 - Maria Isabel - Alegria, alegria
..... (Caetano Veloso)
09 - Ellen de Lima - Roda viva
..... (Chico Buarque)
10 - Chico Feitosa - O milagre
..... (Nonato Buzar)
11 - Ellen de Lima - Belinha
..... (Toquinho - Victor Martins)
12 - Cynara e Cybele - A estrada e o violeiro
..... (Sidney Muller)

domingo, 22 de janeiro de 2012

Vários artistas - Só Sucessos - Volume 7 (1970)

Principais sucessos de 1970 dos contratados da Odeon estão presentes nesta coletânea

Eis mais uma coletânea que considero muito boa. A exemplo da CBS (Sony), que produziu com sucesso a antológica série "As 14 mais", a Odeon seguiu o exemplo com a coletânea "Só Sucessos", com mais de 10 volumes que reune as principais gravações dos seus artistas contratados. A gravadora não tinha motivos para reclamar, pois o cast era formado por estrelas de primeira grandeza, com muito sucesso na época, como os saudosos Wilson Simonal, Taiguara e Altemar Dutra. A lista também inclui Paulo Diniz, com "Quero voltar pra Bahia", seu maior hit, Doris Monteiro, Silvio Cesar, Paulinho da Viola, Trio Esperança, Eva, Golden Boys, Adriana e Luiz Cláudio. O destaque é o cantor e ator Toni Tornado com "Nada de novo", música incluída em seu primeiro disco solo, um compacto duplo lançado em 1970, antes da explosão da "BR-3", música que interpretou ao lado do Trio Ternura e foi a vencedora da fase brasileira do V Festival Internacional da Canção (FIC), da Rede Globo. Confira:

01 - Paulo Diniz - Quero voltar pra Bahia
..... (Paulo Diniz - Odibar)
02 - Altemar Dutra - Meu velho (Mi viejo)
..... (Piero - José - vs: Nazareno de Brito)
03 - Adriana - Justo nesta noite
..... (Luiz Vagner - Tom Gomes)
04 - Silvio Cesar - Eu quero que você morra
..... (Silvio Cesar)
05 - Doris Monteiro - Vou deitar e rolar (Quaquaráqua-quá)
..... (Baden Powell - Paulo César Pinheiro)
06 - Paulinho da Viola - Simplesmente Maria
..... (Paulinho da Viola)
07 - Eva - Agora
..... (Ivan Lins - Ronaldo Monteiro de Souza)
08 - Golden Boys - O cabeção
..... (Roberto Corrêa - Sylvio Son)
09 - Taiguara - Viagem
..... (Taiguara)
10 - Agnaldo Timóteo - Fumaça nos olhos (Smoke gets in your eyes)
..... (Jerome Kern - Otto Harbach - vs: Nazareno de Brito)
11 - Trio Esperança - A ponte sobre as águas turvas (Bridge over troubled water)
..... (Paul Simon - vs: Nazareno de Brito)
12 - Toni Tornado - Nada de novo
..... (Luiz Claudio - Mariozinho Rocha)
13 - Luiz Claudio - Menina
..... (Paulinho Nogueira)
14 - Wilson Simonal - As menininhas do Leblon
..... (Silvio Cesar)

sábado, 21 de janeiro de 2012

Vários artistas - Seleção de Sucessos (LP 1967)

Álbum lançado pela AU traz as primeiras gravações da Martinha e da Miriam Batucada

Aqui está um álbum do tempo em que Jorge Benjor era Jorge Ben e participava do programa Jovem Guarda, comandado por Roberto Carlos na TV Record. Foi o período em que o "Bidu" dividia moradia com o Erasmo Carlos no bairro do Brooklin, em São Paulo. A convivência gerou a única música composta por ambos: Menina gata Augusta, presente neste LP lançado em 1967 pelo selo AU - Artistas Unidos. O disco também traz a então novata Martinha em sua primeira gravação, o hit "Barra Limpa", uma homenagem ao Roberto Carlos, seu padrinho artístico. Outra estreante no disco é a cantora Miriam Batucada com seu "Plác-tic plác-plác" (recentemente regravada por Maria Alcina), composta por Waldemar Camargo e por um tal de Peteleco, pseudônimo adotado por Adoniran Barbosa.

Também merece destaque a presença da paranaense De Kalafe, cantora que se apresentava descalça e era acompanhada pelo grupo A Turma, banda que tinha entre seus integrantes Arnaldo Saccomani, autor de "Guerra", que posteriormente virou produtor e radialista. A cantora, que gravou cinco compactos entre 1967 e 1969 no Brasil, mudou-se para o México (Guadalajara) desde que perdeu um festival da canção, no final dos anos 1960. Lá, ela é Denise Kalafe e já foi estrelona, com muitos álbuns lançados pela América Latina. Além disso, este álbum é complementado por Luiz Aguiar, Joran Coelho e pelos grupos Os Versáteis, Os Tele-Singers e O Quarteto. Confira:

01 - Martinha - Barra limpa
..... (Martinha)
02 - Jorge Benjor - Si manda
..... (Jorge Benjor)
03 - De Kalafe e a Turma - Bang bang (My baby shot me down)
..... (Sonny Bono)
04 - Os Versáteis - Eu te darei o céu
..... (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)
05 - Joran Coelho - Amor nada mais (Here, there and everywhere)
..... (Lennon - McCartney - vs: Fred Jorge)
06 - Os Tele-Singers - Guantanamera
..... (Marti - Angulo - Seeger - vs: Romeu Nunes)
07 - De Kalafe e a Turma - Guerra
..... (Arnaldo Saccomani)
08 - Luiz Aguiar - Eu sou o alguém (Yo soy aquel)
..... (Manoel Alejandro - vs: Roberta Côrte Real)
09 - Jorge Benjor - Menina gata Augusta
..... (Jorge Benjor - Erasmo Carlos)
10 - O Quarteto - Triste demais (Mr. Dieingly sad)
..... (Don Ciccone - vs: Marcio Nigro)
11 - Os Tele-Singers - Máscara negra
..... (Zé Keti - Pereira Matos)
12 - Miriam Batucada - Plác-tic plác-plác
..... (Waldemar Camargo - Peteleco)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Turma do Embalo - Guerra é guerra (LP 1969)

A capa psicodélica é uma das características dos discos relacionados à "pilantragem"

Depois da Turma da Lenha, nada como ouvirmos outra turma, a do Embalo, em disco de 1969 da RCA Victor. Este álbum, ao que tudo indica, veio no rastro de outros dois LPs, ambos relacionados a Carlos Imperial, lançados no ano anterior: “Pilantrália com Carlos Imperial e a Turma da Pesada”, produzido pelo selo Parlophone, ligado à Odeon brasileira e “O Rei da Pilantragem – A Turma do Embalo interpreta Imperial”. Com coordenação artística de Hildo Hora, este "Guerra é guerra" mantém o clima de festa dos discos mencionados, com balanço, coros de lá-lá-lá e muita marcação com palmas, numa clara influência dos discos de Chris Montez, cantor de grande sucesso nos anos 1960. No repertório, músicas novas, algumas regravações e pout-pourris. Confira:

01 - Receita
..... (Nonato Buzar - Chico Anisio)
02 - Namoradinho moderno
..... (Elizabeth)
03 - Meia volta (Ana Cristina)
..... (Antonio Adolfo - Tibério Gaspar)
04 - Mini-garota
..... (Klecius Caldas - Hélio Matheus)
05 - Pout-pourri: Maracangalha e O trem atrasou
..... (Dorival Caymmi) - (A.Vilarinho - E.Silva - Paquito)
06 - Banho de sorvete
..... (Nenéo - Carlos Imperial)
07 - Menina
..... (Carlito - Romeo Nunes)
08 - Pra ver a rainha passar
..... (Alcyr P.Vermelho - João de Barro)
09 - Pout-pourri: Saca-rolha e É bom parar
..... (Zé da Zilda - Zilda - W.Machado) - (R.Soares)
10 - Pout-pourri: Coimbra e Uma casa portuguesa
..... (R.Ferrão) - (A.V.Fonseca - R.Ferreira - V.M.Siqueira)
11 - Pout-pourri: Preciso dar um jeito - Seu José e Pra você
..... (Sylvio César)
12 - Pout-pourri: Até amanhã e Se você jurar
..... (Noel Rosa) - (I.Silva - N.Bastos - F.Alves)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Turma da Lenha - Querida (LP Palladium 1968)

Títulos lançados pela gravadora mineira foram comercializados somente a domicílio

Alguém conhece a Turma da Lenha? Quem frequenta o blog Toque Musical, do amigo Augusto, deve conhecer, pois um LP do grupo já foi postado lá (baixe aqui), assim como vários outros títulos da gravadora independente mineira Palladium. Mas não se preocupe se o conjunto lhe é desconhecido porque a gravadora não trabalhava exatamente com artistas renomados e nem tinha profissionais contratados e exclusivos em sua folha de pagamento. Os músicos trabalhavam como freelas, de acordo com os projetos comerciais da gravadora, que se diferenciava da concorrência por vender discos a domicílio, como faz a Avon na área de cosméticos. O interessante é que este LP, adquirido no Mercado Livre, traz no selo a etiqueta da Lojas Teixeira, lá de Lafaiete, no interior mineiro, provavelmente uma rede comercial que também vendia pacotes especiais de discos.

Segundo o Toque Musical, a estratégia da Palladium era vender caixas de LPs – geralmente com seis unidades cada – dos mais variados estilos. A razão pela qual seus discos, quando os encontramos por aí, não apresentarem uma ficha técnica, se deve ao fato de que os mesmos faziam parte desse pacote, vendido de porta em porta por todo o Brasil. Até mesmo os nomes dos artistas e orquestras nacionais e internacionais eram fictícios. A ordem era vender, apesar da boa qualidade do conteúdo. Hoje, os discos da Paladium são disputados por colecionadores, principalmente por estrangeiros.

Tudo começou em 1963 com a criação da MGL - Minas Gravações Ltda, incentivada pelo maestro paulista Peruzzi. Ele convenceu Dirceu Cheib e seu sócio a bancarem um disco seu. Para não ficar no negócio de um só disco, Peruzzi achou que seria bom a MGL ter outros lançamentos. Daí, nasceram mais três álbuns. A partir do quinto título, em 1964, o selo MGL deu lugar ao Paladium. Nos primeiros momentos, as gravações eram feitas em estúdios de São Paulo e com músicos paulistas. Depois, para reduzir as despesas, Cheib e sua equipe passaram a fazer as gravações em Belo Horizonte.

Sem estúdio próprio, que seria inaugurado em 1967, a gravadora adotou a capelinha de São Francisco de Assis, na Pampulha, criada por Oscar Niemayer, como o local ideal para suas gravações. Muitos desses discos do selo Paladium nasceram na igrejinha e foram concebidos de madrugada. Nessas aventuras pela noite a dentro participaram músicos que hoje são artistas mineiros famosos, como o maestro e arranjador Aecio Flávio. Apesar de a Turma da Lenha, uma banda instrumental com 100% do repertório dedicado a Jovem Guarda, ser constituída de músicos anônimos, o resultado final é muito bom, e nada fica a dever das renomadas bandas nacionais que fizeram sucesso nos anos 1960. Confira:

01 - Washington Square
..... (B. Goldstein - David Shire)
02 - Última canção
..... (Carlos Roberto)
03 - A chuva que cai
..... (Mogol - B.Lind)
04 - Uma vez jurei (It's been a change)
..... (Roebuck - Stafles)
05 - Quero lhe dizer cantando
..... (Reynaldo Rayol)
06 - Largo tudo e venho te buscar
..... (Roberto Carlos)
07 - Sealed with a kiss
..... (G.Geld - P.Udell)
08 - Eu te amo, te amo, te amo
..... (Roberto Carlos)
09 - Perto dos olhos, longe do coração
..... (Marcos Roberto - Dori Edson)
10 - Honey (Querida)
..... (B.Russel)
11 - Não me trate como um cão
..... (Roberto Correa - Reynaldo Rayol)
12 - La resa dei conti
..... (Ennio Morricone)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Vários artistas - Jovem Guarda Obscura - Vol. 1

Coletânea reúne artistas e registros musicais desconhecidos de parte do grande público

Nem só de Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa e outros ídolos formam o clã da Jovem Guarda. A efervescência do movimento musical que mexeu com os padrões culturais e sociais do País nos anos 1960 atraiu um universo de jovens que tentou enveredar pelo meio artístico. Esta coletânea, extraída de velhos compactos acumulados ao longo dos anos, é uma prova viva da Jovem Guarda Obscura. Pretendo, na medida do possível e da disponibilidade, montar outros volumes. Espero contar com a colaboração dos amigos para enriquecer o projeto. A ideia é reunir vários artistas que gravaram e lançaram seus discos em meados dos anos 1960 e início dos 1970, mas não obtiveram o mesmo sucesso dos seus ídolos e hoje são desconhecidos do grande público.

É interessante notar que parte desses artistas fez seus registros em grandes gravadoras, acostumadas a toda estrutura necessária de divulgação do seu cast, mas o privilégio de se ter um planejamento de marketing recai sobre poucos que garantem retorno dos investimentos. Os novatos nem sempre contam com o apoio que necessitam e o resultado, na maioria das vezes, é o fracasso – o que não significa falta de talento. Aqui mesmo, nesta coletânea, encontramos alguns valores não reconhecidos, e provavelmente agradarão a audição de muitos, mesmo passados mais de 40 anos da gravação. Confira:

01 - Flávia - As marionetes (Les Marionettes) - 1966
..... (Christophe - vs: Maria Isabel)
02 - Altair Guimarães - Olha o que você me fez - 1967
..... (Sérgio Reis)
03 - Katia Solange - Acho bom parar (Because it's time) - 1971
..... (Fran McKendree - vs: Fred Jorge)
04 - Bob Lane - Cantando eu vou (Mi va dicantare) - 1968
..... (M.Martini - A.Valleroni - V.Buonarossi - G.Bertero - vs: Nazareno de Brito)
05 - Ornella - Jardim de rosas (Rose garden) - 1971
..... (Joe South - vs: Bob Mackay)
06 - Sérgio Luiz - Sem ter você - 1967
..... (Renato Barros)
07 - Ana Maria - Largo tudo e venho te buscar - 1968
..... (Roberto Carlos)
08 - Jackie - Mamãe eu não quero - 1971
..... (Jackie - Carlinhos)
09 - Nina - Quero o seu amor (Sweet pea) - 1970
..... (Tommy Roe - vs: Rossini Pinto)
10 - Jumar Danel - A turma do blue jean (com The Junkers) - 1966
..... (Jumar Danel)
11 - Poliana - Hey, maenhê (Mama ich sag' dir was) - 1968
..... (Bruhm - Blecher - vs: Gláucia Prado)
12 - Amir - Não quero mais saber de você - 1969
..... (Raul Prata)
13 - Yonara - Estou amando - 1968
..... (David Miranda - Venâncio)
14 - André Luiz - Sou triste até demais - 1968
..... (J. Morais)
15 - Lucio Moraes - É tão difícil ter você perto de mim - 1969
..... (Almir Rogério)
16 - Meirecler - Chorando solidão - 1970
..... (Meirecler)
17 - Ottávio Klemane - Chá-lá-lá - 1968
..... (Ottávio Klemane)
18 - Theresinha Curtis - Não vai baby (Be my baby) - 1970
..... (Spector - Greenwich - Barry - vs: Rossini Pinto)
19 - Cesar Marques - Irmãozinho travesso - 1966
..... (Cesar Marques - Mario Sérgio)
20 - Leslie - Vem amor (Knock knock who's there) - 1970
..... (J. Carter - G.Stephens - vs: Ernani Campos)


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Carlos Gonzaga - EP K-TEL (1980)

Carlos Gonzaga, um dos pioneiros do rock nacional, gravou o primeiro disco em 1955

Este deve ser o último disco do cantor Carlos Gonzaga, um dos pioneiros do rock brasileiro, com produção artística de outro contemporâneo, o saudoso cantor e compositor Wilson Miranda. A única discografia mais confiável do artista na internet é a do portal Jovem Guarda. Mesmo assim, a relação é encerrada em 1979, sem menção a este EP de 1980, lançado pela K-Tel. Ele voltou aos estúdios para regravar "Diana", seu maior sucesso, na coletânea "30 anos de Jovem Guarda", em 1995, e no CD "Reencontro com The Clevers" em 2009. Pelo que consta, ele mora aqui em Santo André, mesma cidade que eu, já que em 2005 participou do programa Cidade Nota 10, da Rede Bandeirantes, representando Santo André, de quem recebeu em 2006 o título de "Cidadão Andreense".

Carlos Gonzaga, de acordo com o Wikipédia, nasceu na cidade mineira de Paraisópolis em 10 de fevereiro de 1926. Mudou-se para Campos do Jordão (SP) aos 17 anos e iniciou a carreira cantando guarânias e boleros. Gravou o primeiro disco - um 78 RPM com "Anahi" e "Perdão de Nossa Senhora" - em setembro de 1955, um mês após a morte da Carmen Miranda. Incorporou o rock'n'roll ao seu repertório em 1957 com a gravação de "Meu Fingimento" ("The Great Pretender"), sucesso do The Platters em versão de Haroldo Barbosa. O êxito absoluto aconteceu no ano seguinte com a gravação de "Diana", uma versão de Fred Jorge para a original de Paul Anka. A partir daí, veio uma sucessão de hits, a maioria versões, principalmente do Paul Anka e Neil Sedaka, de quem regravou "Oh, Carol", outro grande êxito fonográfico.

Merece destaque o sucesso com a versão em português da música tema da série de TV "Bat Masterson", provavelmente o mais famoso no estilo Bang-Bang dos que foram exibidos na televisão brasileira nos anos 1960. Além de cantor de rock, Carlos Gonzaga gravou mais de 20 marchinhas para o carnaval, entre as quais "Coração de Jacaré", de J.Nunes e Dam Jorge, cantada até hoje nos bailes: "Trocaram o coração da minha sogra/Puseram o coração no jacaré/ Sabe o que aconteceu?/ A velha se mandou e o jacaré morreu". Ao longo da carreira, Gonzaga fez shows por todo o país e é reconhecido internacionalmente, se apresentando nos principais palcos da América Latina. No cinema, atuou em "Virou Bagunça", e - não posso afirmar - hoje é evangélico, segundo comentário de um amigo. O melhor agora é ouvi-lo:

01 - O amor mais lindo
..... (Jean Pierre - Danny - Ju Marcondes)
02 - Andorinha do amor
..... (Rodolfo Vila - Marcelo da Nave)
03 - Felicidade e não saudade
..... (Tony Bernard - Grego)
04 - Ser leal (Honesty)
..... (Billy Joel - vs: Alf Soares)

FICHA TÉCNICA

Produtor fonográfico: K-Tel do Brasil
Arranjos e regências: Daniel Salinas
Estúdio: K-Tel SP
Técnico de gravação: Dézinho
Foto: Oswaldo Micheloni
Arte: Jura
Produção artística: Wilson Miranda

domingo, 15 de janeiro de 2012

Lauro Corona - O céu por um beijo (1984)

Lauro Corona se destacou como ator da Globo e chegou a gravar três compactos simples

Após ver a postagem do nosso amigo Djair, lá da Web Rádio Túnel do Tempo, do compacto simples de 1982 do saudoso Lauro Corona (veja foto abaixo) na comunidade MC & JG, lembrei-me deste de 1984, em que interpreta "O céu por um beijo", de Cláudio Rabello e do golden boy Renato Côrrea, e "Tudo pode acontecer", de Ruban e Augusto César. Quem se interessar, poderá baixar o single postado pelo Djair (aqui), a quem agradeço, e estou mantendo o mesmo link fornecido por ele. São dois compactos legais de ouvir, já que o ator também sabia cantar.
Ele nasceu no Rio de Janeiro em 6 de julho de 1957. Adolescente, na década de 70, começou a fazer trabalhos como modelo fotográfico e como ator de teatro. Não demorou para ir parar na televisão, estreando no caso especial da Globo "Ciranda Cirandinha" (77, que não tem relação com a série homônima produzida pela emissora no ano seguinte). Em 1978, ele estreava em novelas, no sucesso avassalador "Dancin Days", interpretando o garotão rico Beto, que se envolvia com Marisa Glória Pires) e Vera (Lídia Brondi). Com o sucesso de Beto, Lauro tornou-se um novo astro jovem global, participando das novelas "Os Gigantes" (79/80), "Marina" (80), "Baila Comigo" (81), "Elas por Elas" (82), "Louco Amor" (83) e "Corpo a Corpo" (84/85).

No cinema, Lauro atuou em "O Sonho não Acabou" (81), onde contracenava com Lucélia Santos, Miguel Falabella e Chico Diaz; e o clássico new wave "Bete Balanço" (84), fazendo par com Débora Bloch e contracenando com Cazuza. Nessa ligação com o rock, Lauro se arriscou como cantor, chegando a gravar três compactos. Na mesma fase de roqueiro, Corona virou apresentador do programa dominical juvenil "Cometa Loucura" (84), ao lado de Carla Camurati. Antes, ele já tinha apresentado o musical "Globo de Ouro", e ainda apresentaria algumas edições do "Vídeo Show". Além da mini-carreira de cantor pop, Lauro continuou na Globo, onde atuou em participação especial no início da novela "Vereda Tropical" (84/85), e estrelou ainda a minissérie "Memórias de um Gigolô" (86, onde fez seu melhor trabalho em TV).

Vieram por fim as novelas de época no horário das 18h: "Direito de Amar" (87) e "Vida Nova" (88/89). E foi durante "Vida Nova" que começaram a aparecer os sintomas de que o ator estava doente. Afundado entre a perseguição da imprensa, constantes internações e recuperações fugazes, Lauro acabou pedindo sua saída da trama onde era o protagonista, o português Manoel Victor. O personagem teve um final apressado, com uma viagem para Israel, por causa da doença do ator. A última cena mostrava um carro preto partindo numa noite chuvosa, ao som de um poema de Fernando Pessoa, declamado em off pelo próprio ator. Faleceu em 20 de julho de 1989. Foi uma das primeiras personalidades brasileiras a morrer de complicações decorrentes do vírus da AIDS, e deixou saudades para sua legião de fãs. Relembre:

01 - O céu por um beijo
..... (Renato Corrêa - Claudio Rabello)
02 - Tudo pode acontecer
..... (Ruban - Augusto Cesar)

FICHA TÉCNICA

Gerente de produção: Renato Corrêa
Produção executiva: Claudio Rabelo (faixa 1) e Marcelo Sussekind (2)
Técnico de gravação: Sérginho e Carlinhos
Técnico de mixagem: Franklin Garrido e Guilherme Reis
Corte: Osmar Furtado
Capa: Hildebrando de Castro
Foto: Marco Rodrigues
Auxiliares de estúdio: José Celso e Rob
Coordenação gráfica: Tadeu Valério

sábado, 14 de janeiro de 2012

Nicoletta - Eu daria a minha vida (em francês)

Música da Martinha está no lado B do single de 1973 que traz "Fio Maravilha" no A

Este é um compacto simples muito legal da excelente cantora francesa Nicoletta, muito popular e ainda na ativa. Ela, que já gravou em 1967 a versão em francês de "Quero que vá tudo para o inferno" (disponível aqui), de Roberto e Erasmo Carlos, volta a incluir música originalmente brasileira em seu repertório. Em 1973, logo após a consagração da Maria Alcina no VII Festival Internacional da Canção (FIC) com "Fio Maravilha", de Jorge Benjor, lançou a versão da música em sua língua pátria. O destaque fica para o lado "B" do single, já que o "A" teve boa repercussão, especialmente na França, em que interpreta "Tout Ce Que L'Ete Nous Donne", uma versão de G. Marchand para "Eu daria a minha vida", da Martinha. O meu disco está sem capa. A imagem acima é puramente ilustrativa, disponível na internet. Confira:

01. Fio Maravilla (Fio maravilha)
..... (Jorge Benjor - Boris Bergman)
02. Tout Ce Que L'Ete Nous Donne (Eu daria a minha vida)
..... (Martinha - G. Marchand)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Osvaldo Nunes - Singles & Raridades

Osvaldo Nunes, um dos precursores do samba rock, fez sucesso ao longo dos anos 1960

Taí um cantor que gosto muito e hoje é esquecido: Osvaldo Nunes, um sambista de mão cheia com influência da Jovem Guarda, samba rock e samba de breque. Esta coletânea reúne músicas de 12 compactos simples e um duplo, lançados entre 1967 e 1978 pelas gravadoras Odeon, Equipe, CBS, Polydor, Chantecler e RCA Victor. A seleção começa com a balada jovenguardista "Eu chorei", única romântica do repertório. A partir da segunda a ordem é balançar o esqueleto. O principal destaque é o samba "Segura este samba ogunhê", um enorme sucesso em 1968, período de grande popularidade do cantor que começou a carreira no final dos anos 1950, participando dos programas do Carlos Imperial, o mesmo que ajudou Roberto Carlos no início profissional, no Rio. Canções como "Tá tudo aí", "Tá chegando mulher", "Deixa o meu cabelo em paz" e "Levanta a cabeça" também foram bem executadas, principalmente nos bailinhos no final dos anos 1960, período de efervescência do samba rock, do qual considero um dos pioneiros.

Osvaldo Nunes nasceu no Rio de Janeiro em 02 de dezembro de 1930. Órfão de pai e mãe, foi criado por instituições de amparo ao menor. Aos 13 anos fugiu e passou algum tempo vivendo na marginalidade no bairro boêmio da Lapa. Chegou a ser preso. Depois foi vendedor de balas, engraxate, camelô e artista de rua. Mais tarde começou a frequentar rodas de samba e blocos de carnaval quando sentiu que tinha inspiração para compor músicas e talento para cantar. Nunca se afastou do bairro da Lapa onde chegou a conhecer Madame Satã. Quando deixou a marginalidade, Osvaldo Nunes fez sua primeira composição aos vinte anos, que foi o samba "Real melodia".

Em 1951, seu samba "Vidas iguais", com Ciro de Souza, e o samba-canção "Estranho", com Cabeção, foram gravados por Leny Eversong na Continental. Em 1955, o samba-canção "Aquele quarto", com Aníbal Campos, foi gravado por Dalva de Andrade na mesma gravadora. Em 1962, gravou seu primeiro disco pelo selo pernambucano Mocambo com os sambas "Lar vazio" e "Agradecimento", ambos de sua autoria. No mesmo ano, gravou o twist "Vem amor" (baixe aqui), parceria com Lino Roberto, e o samba "Fim", de Lino Roberto. Ainda nesse ano, juntamente com o Bloco Carnavalesco Bafo da Onça gravou aquele que seria seu primeiro sucesso, a batucada "Oba", que continuou a embalar os desfiles do bloco nas décadas seguintes e que se tornou o hino oficial do Bloco Bafo da Onça.

Ainda em 1962, lançou o primeiro LP, "Ôba", também pela Mocambo, já relançado em CD. No ano seguinte, gravou os sambas "Zé da Conceição", de João Roberto Kelly, e "Alô! Meu bem", de sua autoria. Nesse ano, seu "Samba do saci", com Lino Roberto, foi gravado por Clóvis Pereira em interpretação de órgão, e os sambas "Chorei, chorei" e "Samba do saci" foram registrados pelo Bloco Carnavalesco Bafo da Onça. Gravou para o carnaval de 1965, o do quarto centenário do Rio de Janeiro, as marchas "A Dança da Pulga", de sua autoria e Pernambuco, e "Saudações ao Rei Momo", de sua autoria. Nesse ano, fez grande sucesso com a marcha "Na onda do berimbau", composição sua. No carnaval de 1967, fez sucesso com a marcha "Mãe-ê", de sua autoria. Destacou-se no ano seguinte com a marcha "Voltei", e em 1969, com a marcha "Levanta a cabeça". Na segunda metade da década de 1960, apresentou-se em shows acompanhado do grupo The Pop’s, com o qual gravou em 1968 o LP "Tá tudo aí" pelo selo Equipe.

Em 1970, já na gravadora CBS, lançou o LP "Bota samba nisso", produzido por Raul Seixas (veja foto ao lado) e obteve o segundo lugar no IV Festival de Músicas de Carnaval com o samba "Não me deixes", de sua autoria em parceria com Milton de Oliveira e Helton Menezes. No mesmo festival, foi finalista com o samba "A escola vai descer", com Aristóteles II. Em 1971, ano em que alterou a grafia do seu nome, de Osvaldo para Oswaldo, sagrou-se tricampeão do Concurso Oficial de músicas de carnaval da Guanabara promovido pela Secretaria de Turismo da Guanabara, TV Tupi e jornais O Dia e A Notícia, com o samba "Saberás", parceria com R. Gerardi. No mesmo ano, lançou pela CBS o LP "Você me chamou", no qual cantou, apenas de sua autoria, a faixa "Real Melodia".

O quinto LP "Ai, que vontade" só foi lançado em 1978 pela RCA. O cantor de tanto ritmo, excelente voz e também grande compositor, era homossexual assumido, não dava bandeira. Tinha cara de mau, era valente e adotava uma postura de cabra macho. Muitas vezes quebrou o pau lá pelo bairro boêmio onde sempre viveu. Foi assassinado em 18 de junho de 1991, aos 60 anos, enquanto dormia no seu apartamento na Lapa, provavelmente por um garoto de programa. Onze anos depois, a Justiça deu a sentença do espólio do cantor. Em testamento, o sambista deixou um apartamento e todos os seus direitos autorais para o Retiro dos Artistas, no Rio. Hoje, 20 anos após sua morte, a gente percebe o legado que deixou para a atual geração de sambistas. Impossível ouvir "Samba do trabalhador" e "Vou tomar um porre" e não se lembrar das músicas de sucesso do Zeca Pagodinho. A diferença entre ambos está na falta de espaço e apoio da mídia ao Osvaldo, cujo assassinato teve pouca repercussão e o crime não foi desvendado, caindo no esquecimento. A semelhança entre Zeca e Osvaldo está no talento. Confira:

01 - Eu chorei (1968)
..... (Osvaldo Nunes)
02 - Tá chegando mulher (1969)
..... (Osvaldo Nunes - A. Santos)
03 - Segura este samba ogunhê (1968)
..... (Osvaldo Nunes)
04 - Dendeca (1968)
..... (Osvaldo Nunes)
05 - Tá tudo aí (1968)
..... (Celso Castro - Osvaldo Nunes)
06 - Você deixa (1968)
..... (Osvaldo Nunes)
07 - Mulher de malandro (1968)
..... (Celso Castro - Osvaldo Nunes)
08 - Samba do trabalhador (1969)
..... (Darcy da Mangueira)
09 - Parece mandinga (1969)
..... (Candeia - Osvaldo Nunes)
10 - Aquele abraço (1969)
..... (Gilberto Gil)
11 - Ê... ê... rapaziada (1969)
..... (Osvaldo Nunes - Rutinaldo - Milton de Oliveira)
12 - Levanta a cabeça (1969)
..... (Osvaldo Nunes - Ivan Nascimento)
13 - Sonhei com você (1969)
..... (Osvaldo Nunes - Cosme de Oliveira - Roberto Muniz)
14 - Fessôra (1969)
..... (Celso Castro - Denis Lobo - Osvaldo Nunes)
15 - Nem só de pão vive o homem (1967)
..... (Paquito - Romeu Gentil - Osvaldo Nunes)
16 - Voltei (1967)
..... (Osvaldo Nunes - Celso Castro)
17 - Espírito de porco (1967)
..... (Osvaldo Nunes - Edson Mello)
18 - Tempos de criança (1967)
..... (Osvaldo Nunes - Jonas Garret)
19 - Saberás (1970)
..... (Osvaldo Nunes - J. Aragão - R. Gerardi)
20 - Vai (1970)
..... (Osvaldo Nunes)
21 - Andou... andou (1971)
..... (Milton de Oliveira - Osvaldo Nunes)
22 - Samba do piau (1971)
..... (Tito Mendes - Osvaldo Nunes - Carlos J. Silva)
23 - Mudança do vento (1975)
..... (Agepê - Canário)
24 - Vamos em frente (1975)
..... (Osvaldo Nunes - Ary Junior)
25 - Ai, que vontade (1977)
..... (Beto Sem Braço - Dão)
26 - Dendê na Portela (1977)
..... (Hilton Veneno - Osvaldo Nunes)
27 - Vou tomar um porre (1978)
..... (Paulinho da Mocidade - Jurandir Bringela)
28 - Tim tim tim ô lê lê (1978)
..... (Zé Pretinho da Bahia - Osvaldo Nunes)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Homenagem póstuma a Osmar Navarro

Osmar Navarro fez muito sucesso no início dos anos 60 e faleceu na madrugada do dia 4

Hoje, ao entrar na comunidade MC & JG fui surpreendido com a notícia da morte do cantor e compositor Osmar Navarro na madrugada do último dia 04, em São Vicente, litoral de São Paulo. A nota informa que a notícia foi confirmada pelo versionista Sebastião Ferreira da Silva, avisado pela família do artista, segundo comentário do amigo Manoel MPA, lá na comunidade. Como cantor, Osmar obteve enorme sucesso com a música "Quem é?" em 1959, e como compositor, na voz de outro colega, o grande hit foi "A namorada que sonhei", gravada por Nilton César, que têm mais de uma dezena de músicas do autor na discografia. Em homenagem póstuma, segue o compacto duplo lançado em 1976 - ano em que "Quem é?" foi incluída na trilha da novela "Estúpido Cupido", da Rede Globo - pela RCA.

Segundo o site Cifrantiga, o artista nasceu no Rio de Janeiro em 19 de novembro de 1930 e gravou seis LPs e 20 compactos. Sua estreia no disco aconteceu em 1956 no pequeno selo Lord, gravando em dueto com Celita Martins o samba canção "Dó-ré-mi-fá-sol-lá-si", de Fernando César e Roland de Oliveira. Em 1959 gravou pela Polydor interpretando os sambas-canção "Imaginemos", de Alvarenga e Ranchinho e "Candidato a triste", de Paulo Tito e Ricardo Galeno. Foi nesse ano que gravou de sua autoria e Oldemar Magalhães o bolero mambo "Quem é?", sendo regravado no mesmo ano pelo Trio Nagô, pelos Vocalistas Modernos, por Roberto Amaral e por Hebe Camargo. Em 1960 gravou de sua autoria a balada "Vi" e de Célio Ferreira e Oldemar Magalhães o samba "Eterno motivo".

No ano seguinte passou a gravar na Chantecler, estreando com os sambas "Maestro coração", de Célio Ferreira e Oldemar Magalhães e "Amor de carnaval", de sua autoria e Alcina Maria. Em 1962 estreou na Odeon gravando as músicas "Quero" e "Lenita", de sua parceria com Alcina Maria. Em 1963 gravou na CBS de sua autoria e Alcina Maria, a "Balada da esposa". Como compositor teve ainda gravadas entre outras, o bolero "Quando estás a meu lado", parceria com Oldemar Magalhães, por Jair Alves e a balada "Teu nome", parceria com Ribamar, ambas pela RCA Victor. Em 1968 o cantor Antônio Marcos defendeu no Festival da Record a composição "Poema de mim", de autoria dos dois. O melhor, agora, é ouvir sua bonita voz. Confira:

01 - Quem é?
.... (Osmar Navarro - Oldemar Magalhães)
02 - Ternura é isso
.... (Osmar Navarro)
03 - Creia
.... (Osmar Navarro - Álvaro Franco)
04 - Cravo branco
.... (Osmar Navarro - Alcina Maria)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Single de divulgação do 1º LP do Fagner (1973)

Convidados especiais gravam depoimento sobre o novo talento que estava surgindo

Apesar de ter uma das postagens do Fagner - o LP "Canta en español", de 1981 - removida do blog, volto a apresentar um single relativo ao cantor. Trata-se de um documento que considero, no mínimo, interessante, pra não dizer histórico, pois apresenta uma das estratégias de marketing adotada em 1973 pela Philips para divulgar seu novo contratado: Raimundo Fagner, que estava lançando o seu primeiro LP, o hoje clássico "Manera fru fru, manera" (veja capa ao lado), como é conhecido.
A discografia do cearense, até aquele momento, era formada apenas por um compacto simples (gravado em dupla com Cirino no ano de 1971, no qual seguia a mesma trilha musical de Antonio Carlos e Jocafi), lançado pela RGE, e um duplo pela Philips, colocado no mercado logo após a participação do artista no VII Festival Internacional da Canção (FIC), realizado em setembro de 1972, com a música "Quatro Graus", defendida por ele no palco do Maracanãzinho, o mesmo que consagrou Maria Alcina com "Fio maravilha", de Jorge Benjor. Podemos incluir na discografia o "Disco de Bolso do Pasquim", um compacto simples com Caetano Veloso cantando "A volta da asa branca" no lado A, e Fagner, o novo talento, interpretando "Mucurupe" no B.

Como se pode constatar, a Philips não mediu esforços para divulgar o artista, e reuniu seis personalidades - Ronaldo Bôscoli, Afonsinho, Marília Pêra, Chico Buarque, Erasmo Carlos e Nara Leão - para gravar um depoimento sobre Fagner. O material foi reunido neste single, distribuído com press release para jornalistas e veículos de comunicação. A capa, totalmente branca, traz os nomes dos profissionais que atestam o valor do novo talento, seguida pela frase "têm um recado importante para você...". O disco, com contracapa também branca, tem o depoimento de cada convidado seguido por um pequeno trecho da faixa do disco.

Lamentavelmente, no lado A, no início da música "Último pau de arara" tem um pequeno defeito no áudio. Eu poderia corrigi-lo, usando trecho da gravação original do CD, mas achei que perderia o valor do disco. Decidi mantê-lo, mesmo porque não se trata de falha grosseira que machuca a audição. Na pasta, você encontrará outras três: uma com as imagens do disco, outra contendo o áudio original dos lados A e B, e uma terceira opcional. Nela, estão as seis músicas do disco na íntegra, mas tomei a liberdade de diferenciá-las, incluindo os respectivos depoimentos no início de cada faixa para manter o clima de divulgação do Fagner. Espero que curta. Confira:

01 - Último pau de arara (com depoimento de Ronaldo Bôscoli)
..... (Venâncio - Corumba - J. Guimarães)
02 - Manera fru fru, manera (com depoimento de Afonsinho)
..... (Raimundo Fagner - Ricardo Bezerra)
03 - Moto 1 (com depoimento de Marília Pêra)
..... (Raimundo Fagner - Belchior)
04 - Mucuripe (com depoimento de Chico Buarque)
..... (Raimundo Fagner - Belchior)
05 - Nasci para chorar (Born to cry) - (com depoimento de Erasmo Carlos)
..... (Dion - Dimucci - vs. Erasmo Carlos)
06 - Pé de sonhos (com depoimento de Nara Leão)
..... (Petrucio Maia - Brandão)