Manito desfila talento neste LP em que executa instrumentos como sax, órgão e piano
Ontem à noite, quando cheguei em casa, entrei na página da Comunidade MC&JG e fiquei chocado com a informação dada pelo RStone – criador da comunidade no Orkut – sobre o falecimento do Manito, saxofonista da banda Os Incríveis e um dos músicos mais virtuosos da Jovem Guarda. A notícia me pegou de surpresa, pois nem sabia que o mesmo se encontrava enfermo. Ainda recentemente ouvi o CD “Toque de amor”, segundo trabalho solo do artista, lançado pela RGE em 1998 e relançado em 2009. Eu, admirador do seu talento e da banda Os Incríveis, achei que deveria prestar um tributo, e decidi postar este seu primeiro disco solo, apropriadamente intitulado “O incrível Manito”, de 1970.
Este disco não é raro e já foi postado em outros blogs. Entendo, porém, que este álbum sintetiza um pouco do seu talento e serve de referência para que as novas gerações o conheçam melhor. Nele, o músico mostra toda a sua versatilidade e executa com maestria vários instrumentos, como sax, órgão e piano. A contracapa do disco informa que “foi escolhida para este LP uma seleção de músicas que foram enriquecidas pelos arranjos do maestro Chico de Moraes e ainda com a participação vocal de Dom, componente da dupla Dom & Ravel, na página já clássica do nosso cancioneiro “Na baixa do sapateiro”, de Ary Barroso. Nas músicas “Shake, Rattle & Roll”, “Judge Baby, I'm Back” e “The Funky Judge”, as vocalizações são de Carlinhos e Haroldo, respectivamente, componentes do conjunto “Som Beat”.
Manito faleceu nesta sexta-feira, 9 de setembro de 2011, em casa, na capital paulista, vítima de um câncer na laringe, contra o qual lutava desde 2006. O corpo foi enterrado na tarde deste sábado, 10, no Cemitério Horto Florestal, na Zona Norte de São Paulo. "Ele foi para o outro lado porque estava sofrendo muito. Eu acompanhei toda a trajetória, foi muito difícil para ele. Graças a Deus, ele se foi. É muito chato isso, um grande amigo, perdi um grande cara, é muito difícil. Mas venho chorando faz tempo de vê-lo definhando. Mas, graças a Deus, ele vai lá para cima", disse Lívio Benvenuti Júnior, o Nenê, de "Os Incríveis".
Antonio Rosa Sanches, seu verdadeiro nome, nasceu no dia 3 de abril de 1943 em Vigo, Ponte Vedra (Galícia), Espanha, e desde pequeno revelou sua inclinação para a música, tocando até sanfona. Formou em 1962 a banda The Clevers, constituída - além dele no sax - por Netinho (bateria), Mingo (guitarra-base), Risonho (guitarra-solo) e Nenê (baixo). O grupo foi inspirado nos conjuntos instrumentais norte-americanos, muito populares na época, como The Ventures e The Shadows. Porém, aos poucos, foram introduzindo músicas cantadas, interpretadas pelo Mingo, que tinha uma boa voz e chegou até a gravar isoladamente.
Em 1965, devido a desentendimentos com o empresário da banda, Antonio Aguilar, mudaram o nome do grupo para ''Os Incríveis". Em 1966, seguindo a rota dos Beatles, que investiam no cinema, participaram do filme "Os Incríveis neste mundo louco", lançado em circuito nacional no ano seguinte. Durante os 4 anos que se seguiram, o grupo lançou vários compactos e álbuns de enorme sucesso. Músicas como "O milionário", "Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones", "O vendedor de bananas", "Eu te mo meu Brasil" e outras atingiram os primeiros lugares nas paradas de sucesso.
Em meados de 1970, após lançar o presente álbum, Manito deixou a banda e formou o grupo de rock progressivo "Som Nosso De Cada Dia", juntamente com Pedrão (viola, baixo e vocal), Pedrinho (bateria e vocal) e Marcinha (coro). No ano de 1973, foi convidado por Sérgio Dias para assumir o posto de tecladista dos "Mutantes", no lugar de Arnaldo Baptista. Após algumas semanas, o próprio Manito, da forma mais amigável possível, resolveu abandonar a banda e voltar ao "Som Nosso De Cada Dia". Em 1974, a banda lançou o clássico álbum "Snegs", considerado um dos melhores do rock progressivo nacional.
No ano de 1975, Manito resolveu sair novamente do grupo e por um bom tempo ficou fora do cenário musical. Em 1980, reapareceu com o grupo de funk-blues-rock "Funk-Mora", sumindo logo depois, apesar de trabalhos esporádicos com Zé Ramalho, Rita Lee, Wanderléa e outros. Em 1994, lançou com o "Som Nosso De Cada Dia" o álbum "Live 94". Mesmo assim, Manito nunca se afastou dos amigos de Os Incríveis, e em 1995 se reuniram para participar do projeto "30 Anos De Jovem Guarda". Mesmo após o fim do projeto, a banda decidiu não parar e desde então cumpriu uma extensa agenda de shows por todo o Brasil.
Foi-se o artista, mas permanece pra sempre o seu talento e sua obra. Confira:
01 - Na baixa do sapateiro – vocal: Dom
02 - Shake, Rattle & Roll – vocal: Carlinhos
03 - Kool & The Gang
04 - The Funky Judge – vocal: Haroldo
05 - Bailamos Boogaloo
06 - Sock It To' Em J.B
07 - Samuray
08 - Judge Baby, I'm Back – vocal: Carlinhos
09 - Tucks Theme
10 - Raindrops Keep Fallin' On My Head
11 - The Gangs Back Again
12 - You've Made Me So Very Happy
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Valeu amigo, seu blog é perfeito
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