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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Neide Mariarrosa - Protesto, meu amor (CS 1968)

Neide Mariarrosa, cantora catarinense, foi descoberta em 1962 pela Elizete Cardoso

Pretendia postar o LP 1ª Bienal do Samba, como cheguei a anunciar no post do grupo vocal Os Caçulas, mas o nosso amigo Augusto, lá do Toque Musical, foi mais ágil e postou o disco em seu blog, que pode ser baixado aqui. A minha intenção era incluir este compacto da Neide Mariarrosa como bônus, uma vez que a faixa “Protesto, meu amor”, de Pixinguinha e Hermínio Belo de Carvalho, foi uma das finalistas do festival. Eu, sinceramente, não conhecia a intérprete, mas ao fazer uma pesquisa no Google, fiquei surpreso em saber que a cantora foi tema do documentário “Ai que saudade de Neide”, pelas jornalistas Fernanda Peres e Taíse Bertoldi, do Curso de Comunicação da UFSC, e de um livro com várias fotos e dois CDs, um dos quais com gravações inéditas, sob os auspícios da Fundação Franklin Cascaes.

Neide Mariarrosa foi uma das principais cantoras de Santa Catarina e é um nome essencial quando se fala na construção da identidade cultural de Florianópolis, pois ajudou a projetar a arte catarinense em outros estados brasileiros e abriu portas para vários músicos locais. Neide, nascida em 11 de abril de 1936 começou sua carreira no rádio, aos 13 anos, como cantora. A partir de um concurso que venceu, começou a trabalhar na Rádio Guarujá e pouco tempo depois na Rádio Diário da Manhã, onde era cantora, radioatriz e locutora, nas décadas de 1950 e 1960. Teve seu talento reconhecido por Elizete Cardoso, que após conhecer Neide durante a passagem para um show em Florianópolis, em 1962, convenceu a catarinense a tentar carreira no Rio de Janeiro.

Na capital fluminense, gravou seu primeiro compacto e morou na casa de Elizete Cardoso entre 1964 e 1970. Entre suas atividades, estrelou o espetáculo "Sua Excelência, o Samba", que ficou durante quase um ano em cartaz no Golden Room do tradicional Copacabana Palace. Além disso, participou, em 1967, do II Festival Internacional da Canção, quando classificou composições de Edu Lobo e Paulo Gustavo da Silva Constanza entre as 20 finalistas e ficou com o segundo lugar na premiação de melhor intérprete do festival, perdendo para Milton Nascimento. Na TV, apresentou-se em programas como o do apresentador Flávio Cavalcanti e Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte-Preta. Foi, inclusive, durante o primeiro programa que participou de Stanislaw Ponte-Preta, que Neide, por sugestão de Elizete Cardoso, junta o "Maria" e o "Rosa" de seu nome, e passou a assinar artisticamente como "Neide Mariarrosa".

Em 1965, a prefeitura de Florianópolis lançou um concurso para escolher uma música que representasse a Capital dos catarinenses. Na ocasião, o amigo e poeta Zininho convidou Neide, então a mais famosa cantora do Estado, para interpretar seu "Rancho de Amor à Ilha", que ele havia composto especialmente para o concurso. Neide gravou a música acompanhada do grupo Titulares do Ritmo. A canção venceu o concurso e, em 1968, foi oficializado como hino da cidade. Dois anos depois, ainda no Rio de Janeiro, Neide passou a fazer parte do incipiente movimento Musicanossa, que reunia nomes da bossa nova e artistas como Beth Carvalho, Nara Leão, Paulo Sérgio Valle e Roberto Menescau. Dessa fase, existe o LP "Isto é Musicanossa!", no qual Neide interpreta a faixa "Pobre Morro".

Em 1970 Neide voltou para Florianópolis. O que era para ser apenas uma visita de Natal à família, transformou-se em um retorno definitivo à cidade. Sobre essa volta, as opiniões de parentes e amigos são diversas. Há quem diga que Neide teve um grande desgosto no Rio de Janeiro e por isso resolveu voltar, há quem diga que foi saudade. Em 1988, foi convidada pela Fundação Franklin Cascaes a gravar aquele que seria seu primeiro e único LP, intitulado Eu sou assim, apenas com músicas de compositores da Ilha. Pouco tempo depois, Neide adoeceu e, vítima de câncer de mama e de ossos, morreu, aos 58 anos, no dia 4 de setembro de 1994, em Florianópolis.

01 - Protesto, meu amor
..... (Pixinguinha - Hermínio Bello de Carvalho)
02 - Culpas, desenganos
..... (Maurício Tapajós - Hermínio Bello de Carvalho - Mauro Duarte)

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